domingo, 25 de fevereiro de 2018

UM FN FAL CHAMADO IMBEL IA-2


Esta postagem tem intuito de fazer um breve comentário sobre algumas inovações interessantes e acertadas no projeto Belga do FAL feito pela Imbel, batizado de IA-2


A primeira e mais importante delas foi o aprimoramento no sistema de coleta aproveitamento de gases onde, a IMBEL substituir o anel de escape de gases e o sistema de embolo e cilindro que ia do regulador de escape de gases ate a caixa da culatra, por um cilindro pequeno conectado a uma haste que vai ate a caixa da culatra sendo que o pequeno cilindro se move ficando embolo parado. Sistema muito semelhante ao adotado no HK 416

Novo sistema de gases composto por regulador de escape
 de gases cilindro, embolo e mola do embolo.


Isto eliminou a maior fonte de problemas no FAL causados por mau aproveitamento de gases e inúmeros vazamentos que eram causados pelo sistema original do FAL, sem contar no anel regulador de escape de gases que poucos operadores sabiam como justá-lo corretamente, diminuindo drasticamente as falhas de extração e problemas relacionados à ciclagem.




O segundo aperfeiçoamento que merece destaque é o eixo da cavilha e cavilha que no FAL erra um parafuso (cavilha) rosqueado dentro de um pequeno tubo (eixo da cavilha) a mudança implica em uma melhor estabilidade da arma já que ela é montada em duas partes sendo que a maça de mira fica na metade composta pelo cano e caixa da culatra e a alça de mira noutra parte composta pela armação e coronha; a cavilha e eixo da cavilha do FAL costumam afrouxar após alguns tiros o que ocasiona uma folga da caixa da culatra com a armação causando desalinhamento do aparelho de pontaria.



A cavilha e eixo da cavilha agora não têm rosca, são duas peças uma se encaixa dentro da outra sendo que a cavilha tem uma haste de um lado que é o retém do carregador deste modo trava na armação da arma impedindo-a de rodar, do outro lado é travada por um anel que fica sob pressão de uma mola, folga zero e desmontagem infinitamente mais fácil.



O sistema de chaveta do tricô da armação foi substituído por um pino eliminando um punhado de peças desnecessárias e facilitando a abertura da arma.
Basta empurrar o pino de um lado e puxar pelo outro.


O retém do ferrolho foi reposicionado em um
local ruim desconfortável e de difícil acesso.

O IA-2 teve como base o Fuzil MD97 da IMBEL projeto esse desenvolvido com a finalidade de utilizar o calibre 5.56mm na plataforma FAL desta forma a IMBEL utilizou sistema de ferrolho do AR15 bem como carregador, funcionou.
Por isso o sistema impulsor do ferrolho/ferrolho/percussor/ permanece exatamente o mesmo do fuzil IMBEL MD97 com ferrolho e percussor originário do AR15.


O sistema de gatilho e martelo continua exatamente o mesmo do FAL apenas uma pequena mudança no registro de tiro e segurança para melhorar a ergonomia.

1.      Registro de tiro e segurança
2.      Mola do martelo
3.      Guia da mola do martelo
4.      Tubo da mola do martelo
5.      Placa suporte dos eixos
6.      Eixo do martelo
7.      Martelo
8.      Eixo do gatilho intermediário
9.      Gatilho intermediário
10.  Gatilho



























domingo, 31 de julho de 2016

COMO É FEITO UM CANO DE ALMA RAIADA

Depois da parte I sobre como é realizado exame de comparação balística, achei pertinente explicar como são feitos os canos de alma raiada, para que fiquem claras as diferenças entre os processos de fabricação e todos os complicadores destes, que é o que individualiza cada cano fabricado.

Primeiramente para se fabricar um cano de arma de fogo de alma raiada é importante definir qual o passo de raia será utilizado e o sentido do raiamento, que pode ser giro anti-horário sinestrogiro e giro horário dextrogiro; o passo de raia nada mais é do que voltas x distância, esta “unidade de medida” é expressa em polegadas por voltas, ou seja, quantas voltas o projétil vai dar ao percorrer a distancia de uma polegada.

O passo de raia define a precisão e o alcance do projétil, os engenheiros levam em consideração informações como peso do projétil, sua energia, dímetro do calibre real, para definir através de cálculos qual melhor passo de raia para determinado calibre, a fim de estabelecer melhor equilíbrio entre alcance e precisão


O passo de raia pode ser simples ou misto:


O passo de raia é simples quando a distancia do passo é igual, por exemplo: o projétil sempre terá o mesmo giro do começo ao fim do cano.

O passo de raia é misto quando a distancia entre do passo varia, por exemplo: o projétil pode começar girando menos e terminar girando mais.

Existe também o raiamento poligonal deste tratarei em  uma postagem oportuna.

Processos de Fabricação

Existem três tipos de processos de fabricação de canos de arma de fogo, todos eles partem do mesmo ponto, uma barra de ferro cilíndrica maciça que recebe um furo central na medida do calibre real, ou menor dependendo do processo, após isso o furo é calibrado com uma broca que tem formato de “V” para que fique na medida exata do calibre rea,l a partir daí os processos de confecção do raiamento podem ser por usinagem, brochamento por bilha ou martelamento a frio.

Usinagem.

O raiamento é feito com uma ferramenta parecida com uma navalha, ela é introduzida no cano ate a extremidade oposta, então a maquina puxa ela pelo cano ao mesmo tempo em que gira a ferramenta no passo de raia que será confeccionado; neste processo cada raia é confeccionada por vez, ou seja, cada ida e volta da navalha faz uma raia, após a raia pronta a maquina gira o cano para a posição da raia seguinte e assim sucessivamente; este processo é um pouco demorado e pode ocorrer maior risco de imperfeições, sua vantagem é ser um pouco mais barato que os demais, pois é simples.

Cada ferramenta confeccionar o raiamento de 1.500 a 8.000 canos, por usinagem, isto é, mediante a remoção do material (aço) que ocupava o espaço de cada raia, e cada ferramenta sofre, em média, dez afiações. Todas as armas fabricadas pela Forjas Taurus, têm seu raiamento confeccionado por esse sistema.

Neste vídeo é possível ver como o processo é simples este cidadão construiu uma maquina e fez em casa, no canal dele é possível ver todo processo de construção da maquina para fazer o raiamento pelo processo de usinagem.



Neste vídeo é possível observar o processo industrial de confecção de raiamento por usinagem.


Link do ponto exato do vídeo que exemplifica o processo aqui

Brochamento por bilha

Este processo é parecido com a usinagem porem a ferramenta usada é a bilha que seria algo como um pequeno cilindro “sextavado” onde o sextavado são as raias, esta ferramenta é fixa, não gira, e é tracionada, as partes salientes da broca (o “sextavado”) vão formar as raias, e o material que ocupava o espaço é deslocado para o lado (encruamento), formando os cheios. A ferramenta passada pelo cano fica fixa, não gira, enquanto a maquina gira o cano no sentido do passo de raia a ser confeccionado.

Não há neste processo retirada de material, as ferramentas (bilha) usadas para produzir as raias não sofrem afiação, pois uma vez que apresentam desgaste, são inutilizadas e substituídas por novas. Com cada bilha é possível a confecção de até 8 mil canos; este processo garante melhor precisão pois todas as raias são feitas de uma só vez e uniformemente, é usado para fazer canos de armas de competição que exigem precisão por exemplo, é um processo pouco mais rápido que o por usinagem.

As raias feitas por este processo não tem cantos tão vivos quanto os feitos por usinagem, por este motivo sofrem menos desgaste o que garante mais durabilidade do cano, as armas da Amadeo Rossi eram fabricadas por este processo.

Este vídeo exemplifica tal processo.

Link do ponto exato do vídeo que exemplifica o processo aqui.

Martelamento a Frio

Este processo é o mais caro e complexo, pois exige maquinaria especifica e cara; este processo consiste em introduzir no cano uma ferramenta que é um mandril ou macho, de formato cônico, cuja superfície externa tem a forma contrária a do raiamento desejado molde das raias (imagem espelhada) após isso em uma maquina especifica para tal martelando o cano em todas as direções 1.100 vezes por minuto, com uma pressão de forjamento de 10t, produzindo uma diminuição do seu diâmetro externo, com o conseqüente alongamento e impressão interna do raiamento. O avanço e o giro da barra cilíndrica são realizados pela maquina, resultando um perfil interno (raiamento) de alta precisão dimensional, polido, livre de arranhões e sem a necessidade de operações posteriores de acabamento.

A IMBEL Produz seus canos por este processo desde 1974, a Glock também usa, tal processo garante uma excelente equilíbrio de durabilidade e precisão.

Neste vídeo é possível ver como se da tal processo.

Link do ponto exato do vídeo que exemplifica o processo aqui.



domingo, 24 de julho de 2016

EXAME DE COMPARAÇÃO BALÍSTICA parte I

Um exame de Comparação Balística é a identificação indireta de armas de fogo, feita por intermédio da comparação de projeteis e estojos-padrão, obtidos de armas, com projeteis e estojos questionados; ate parece simples, ou seja, visa estabelecer a conexão entre a arma de fogo e o projétil, entre a arma e o estojo, entre projéteis e entre estojos. O assunto é bem extenso, pois demanda entender conceitos e porquês que não são simples.
Dada complexabilidade e extensão do assunto, resolvi dividir em três partes, primeiramente falarei dos projeteis, posteriormente dos estojos e por fim da comparação balística em si.
Projeteis
A comparação balística compara marcas características deixadas nos projeteis e estojos pela arma de fogo, estas marcas são únicas são como a impressão digital da arma, cada uma tem a sua, como são produzidas estas marcas veremos aqui.
Em um projétil podem ser encontradas marcas deformações que podem ser de quatro tipos:
1.      Normais ou Repetitivas
2.      Periódicas
3.      Acidentais
4.      Propositais
Por hora as deformações que nos interessaram são apenas as normais e periódicas uma vez que as acidentais e propositais não tem ligação com a arma de fogo logo não podem ser usadas para ligar um projétil a uma arma.
As deformações normais são decorrentes do processo de disparo da arma, são as deformações e marcas que ocorrem no projétil pelo simples fato de ter passado pelo cano de arma de fogo forçado pela expansão dos gases.
Como deve ser sabido do leitor os canos de arma de fogo de alma raiada possuem em seu interior ranhuras helicoidais que imprime no projétil um movimento giratório que o estabiliza durante o vôo permitindo melhor trajetória e alcance.

As armas podem ter raias a direita dextrogiro e a esquerda sinestrogiro, também pode ter uma quantidade de raias par ou impar; mas como a raia deixa marca no projétil? Simples o projétil é maior que o tamanho do cano da arma, ou seja, o projétil é ligeiramente maior que o calibre real.
Dentro do cano da arma temos os fundos que são as raias e os cheios na figura a baixo fica mais fácil de entender.

Logicamente para que o raiamento, surta algum efeito sobre o projétil o mesmo deve ter o diâmetro dos fundos, desta forma ao passar justo pelo cano da arma o projétil se engraza as raias que obriga ele a acompanhar a hélice do raiamento adquirindo rotação necessária a sua estabilização.

Cada calibre necessita de uma profundidade das raias diferente bem como passo de raia que é quantas voltas o raiamento da em uma polegada, imagine um projétil com tanta energia que a profundidade da raia seja insuficiente e ele passe direto pelo cano sem girar, por isso tais medidas são definidas pela engenharia levando em conta o peso do projétil, sua energia e calibre, tendo como objetivo um equilíbrio perfeito entre alcance e precisão.

Portanto um dos primeiros critérios para se realizar uma microcomparaçao balística é a adequabilidade, pois comparar dois projeteis eles tem que ser no mínimo do mesmo calibre e tem que apresentar marcas de raiamento compatível ou seja mesmo numero de raias e sentido de giro.



O que torna os canos fabricados em uma mesma fabrica diferentes entre si é o desgaste que a arma sofre com o uso e o processo de fabricação bem como desgaste da ferramenta que cava as raias no cano, dentre os processos de fabricação os mais comuns são usinagem, brochamento por bilha e martelamento a frio, oportunamente falarei sobre estes processos de fabricação de cano.

As deformações periódicas são características de revolveres, mas podem ser encontradas em outras armas que apresentam algum tipo de defeito no cano ou câmara que quando o projétil passa adquire as características do defeito como, por exemplo, um amassado na boca do cano.


Com estas explicações encerro a parte sobre projeteis, posteriormente falarei sobre os estojos, se surgir alguma duvida, curiosidade ou questionamento o canal de comentários esta aberto, espero que esta pequena postagem tenha ajudado.

domingo, 17 de julho de 2016

naugurando este blog nada mais logico e justo que a primeira postagem, esclarecesse o que vem a ser a Balística, então vamos lá:
Balística é a disciplina que estuda o movimento dos projeteis dentro e fora das armas de fogo, o efeito causados por seu impacto bem como os fenômenos do tiro.balistica
Entenda-se por tiro os fenômenos ocorridos dentro da arma de fogo a partir do momento em que se aciona o gatilho ate o momento em que o projetil sai do cano, envolvendo o mecanismo de disparo da arma bem como os componentes químicos da munição e os efeitos dos gases provenientes da queima da pólvora.

A balística se divide em três setores de estudo que são:
  1. Balística Interna Estuda as armas de fogo seus mecanismos, a munição e os fenômenos que ocorrem na arma do momento em que se aperta o gatilho ao momento em que o projetil sai pela boca do cano.
  2. Balística Externa Estuda o voo dos projeteis desde que sai da boca do cano ate o momento em que termina seu trajeto.
  3. Balística Terminal Estuda o resultado do impacto dos projeteis.
A balística interna e externa esta ligada tanto a estudos de física quanto de química, já a balística terminal alem de estar ligada a física esta diretamente ligada a medicina legal que é de onde se originou a balística.
Comparação entre projéteis ajuda na identificação do autor do crime

Quando a balística é empregada em situaçoes onde existe ou pode existir, uma relação com infrações penais ela é chamada de Balística Forense, e passa a ser uma disciplina da criminalística; a balística forense usa os conhecimentos da balística para identificar através de exames a autoria da infração penal.

Como vocês já  devem ter percebido, a balística  é uma disciplina muito abrangente o que a torna complexa, abordarei neste blog um pouquinho de cada coisa, dentro do possivel, assim esclarecendo alguns pontos e trazendo curiosidades sobre o tema.