domingo, 24 de julho de 2016

EXAME DE COMPARAÇÃO BALÍSTICA parte I

Um exame de Comparação Balística é a identificação indireta de armas de fogo, feita por intermédio da comparação de projeteis e estojos-padrão, obtidos de armas, com projeteis e estojos questionados; ate parece simples, ou seja, visa estabelecer a conexão entre a arma de fogo e o projétil, entre a arma e o estojo, entre projéteis e entre estojos. O assunto é bem extenso, pois demanda entender conceitos e porquês que não são simples.
Dada complexabilidade e extensão do assunto, resolvi dividir em três partes, primeiramente falarei dos projeteis, posteriormente dos estojos e por fim da comparação balística em si.
Projeteis
A comparação balística compara marcas características deixadas nos projeteis e estojos pela arma de fogo, estas marcas são únicas são como a impressão digital da arma, cada uma tem a sua, como são produzidas estas marcas veremos aqui.
Em um projétil podem ser encontradas marcas deformações que podem ser de quatro tipos:
1.      Normais ou Repetitivas
2.      Periódicas
3.      Acidentais
4.      Propositais
Por hora as deformações que nos interessaram são apenas as normais e periódicas uma vez que as acidentais e propositais não tem ligação com a arma de fogo logo não podem ser usadas para ligar um projétil a uma arma.
As deformações normais são decorrentes do processo de disparo da arma, são as deformações e marcas que ocorrem no projétil pelo simples fato de ter passado pelo cano de arma de fogo forçado pela expansão dos gases.
Como deve ser sabido do leitor os canos de arma de fogo de alma raiada possuem em seu interior ranhuras helicoidais que imprime no projétil um movimento giratório que o estabiliza durante o vôo permitindo melhor trajetória e alcance.

As armas podem ter raias a direita dextrogiro e a esquerda sinestrogiro, também pode ter uma quantidade de raias par ou impar; mas como a raia deixa marca no projétil? Simples o projétil é maior que o tamanho do cano da arma, ou seja, o projétil é ligeiramente maior que o calibre real.
Dentro do cano da arma temos os fundos que são as raias e os cheios na figura a baixo fica mais fácil de entender.

Logicamente para que o raiamento, surta algum efeito sobre o projétil o mesmo deve ter o diâmetro dos fundos, desta forma ao passar justo pelo cano da arma o projétil se engraza as raias que obriga ele a acompanhar a hélice do raiamento adquirindo rotação necessária a sua estabilização.

Cada calibre necessita de uma profundidade das raias diferente bem como passo de raia que é quantas voltas o raiamento da em uma polegada, imagine um projétil com tanta energia que a profundidade da raia seja insuficiente e ele passe direto pelo cano sem girar, por isso tais medidas são definidas pela engenharia levando em conta o peso do projétil, sua energia e calibre, tendo como objetivo um equilíbrio perfeito entre alcance e precisão.

Portanto um dos primeiros critérios para se realizar uma microcomparaçao balística é a adequabilidade, pois comparar dois projeteis eles tem que ser no mínimo do mesmo calibre e tem que apresentar marcas de raiamento compatível ou seja mesmo numero de raias e sentido de giro.



O que torna os canos fabricados em uma mesma fabrica diferentes entre si é o desgaste que a arma sofre com o uso e o processo de fabricação bem como desgaste da ferramenta que cava as raias no cano, dentre os processos de fabricação os mais comuns são usinagem, brochamento por bilha e martelamento a frio, oportunamente falarei sobre estes processos de fabricação de cano.

As deformações periódicas são características de revolveres, mas podem ser encontradas em outras armas que apresentam algum tipo de defeito no cano ou câmara que quando o projétil passa adquire as características do defeito como, por exemplo, um amassado na boca do cano.


Com estas explicações encerro a parte sobre projeteis, posteriormente falarei sobre os estojos, se surgir alguma duvida, curiosidade ou questionamento o canal de comentários esta aberto, espero que esta pequena postagem tenha ajudado.

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