Esta
postagem tem intuito de fazer um breve comentário sobre algumas inovações
interessantes e acertadas no projeto Belga do FAL feito pela Imbel, batizado de
IA-2
A primeira e mais
importante delas foi o aprimoramento no sistema de coleta aproveitamento de
gases onde, a IMBEL substituir o anel de escape de gases e o sistema de embolo
e cilindro que ia do regulador de escape de gases ate a caixa da culatra, por
um cilindro pequeno conectado a uma haste que vai ate a caixa da culatra sendo
que o pequeno cilindro se move ficando embolo parado. Sistema muito semelhante
ao adotado no HK 416
Novo sistema de gases composto por regulador de escape
de
gases cilindro, embolo e mola do embolo.
Isto eliminou a maior fonte de problemas no FAL causados por mau aproveitamento de gases e inúmeros vazamentos que eram causados pelo sistema original do FAL, sem contar no anel regulador de escape de gases que poucos operadores sabiam como justá-lo corretamente, diminuindo drasticamente as falhas de extração e problemas relacionados à ciclagem.
O segundo
aperfeiçoamento que merece destaque é o eixo da cavilha e cavilha que no FAL
erra um parafuso (cavilha) rosqueado dentro de um pequeno tubo (eixo da
cavilha) a mudança implica em uma melhor estabilidade da arma já que ela é
montada em duas partes sendo que a maça de mira fica na metade composta pelo
cano e caixa da culatra e a alça de mira noutra parte composta pela armação e
coronha; a cavilha e eixo da cavilha do FAL costumam afrouxar após alguns tiros
o que ocasiona uma folga da caixa da culatra com a armação causando
desalinhamento do aparelho de pontaria.
A cavilha e eixo da
cavilha agora não têm rosca, são duas peças uma se encaixa dentro da outra
sendo que a cavilha tem uma haste de um lado que é o retém do carregador deste
modo trava na armação da arma impedindo-a de rodar, do outro lado é travada por
um anel que fica sob pressão de uma mola, folga zero e desmontagem
infinitamente mais fácil.
O sistema de chaveta do tricô da armação foi substituído por um pino eliminando um punhado de peças desnecessárias e facilitando a abertura da arma.
Basta empurrar o pino de um lado e puxar pelo outro.
O retém do ferrolho foi reposicionado em um local ruim desconfortável e de difícil acesso.
O IA-2 teve como base o Fuzil MD97 da IMBEL projeto
esse desenvolvido com a finalidade de utilizar o calibre 5.56mm na plataforma
FAL desta forma a IMBEL utilizou sistema de ferrolho do AR15 bem como
carregador, funcionou.
Por isso o sistema impulsor do
ferrolho/ferrolho/percussor/ permanece exatamente o mesmo do fuzil IMBEL MD97
com ferrolho e percussor originário do AR15.
O sistema de gatilho e martelo continua exatamente o mesmo do FAL apenas uma pequena mudança no registro de tiro e segurança para melhorar a ergonomia.
Depois
da parte I sobre como é realizado exame de comparação balística, achei
pertinente explicar como são feitos os canos de alma raiada, para que fiquem claras
as diferenças entre os processos de fabricação e todos os complicadores destes,
que é o que individualiza cada cano fabricado.
Primeiramente
para se fabricar um cano de arma de fogo de alma raiada é importante definir
qual o passo de raia será utilizado e o sentido do raiamento, que pode ser giro anti-horário sinestrogiro e giro horário dextrogiro; o passo de raia nada mais é
do que voltas x distância, esta “unidade
de medida” é expressa em polegadas por voltas, ou seja, quantas voltas o projétil
vai dar ao percorrer a distancia de uma polegada.
O
passo de raia define a precisão e o alcance do projétil, os engenheiros levam
em consideração informações como peso do projétil, sua energia, dímetro do
calibre real, para definir através de cálculos qual melhor passo de raia para determinado
calibre, a fim de estabelecer melhor equilíbrio entre alcance e precisão
O
passo de raia pode ser simples
ou misto:
O
passo de raia é simples
quando a distancia do passo é igual, por exemplo: o projétil sempre terá o
mesmo giro do começo ao fim do cano.
O
passo de raia é misto
quando a distancia entre do passo varia, por exemplo: o projétil pode
começar girando menos e terminar girando mais.
Existe
também o raiamento poligonal deste tratarei em
uma postagem oportuna.
Processos de Fabricação
Existem
três tipos de processos de fabricação de canos de arma de fogo, todos eles partem
do mesmo ponto, uma barra de ferro cilíndrica maciça que recebe um furo central
na medida do calibre real, ou menor dependendo do processo, após isso o furo é
calibrado com uma broca que tem formato de “V” para que fique na medida exata
do calibre rea,l a partir daí os processos de confecção do raiamento podem ser
por usinagem,
brochamento
por bilha ou martelamento a frio.
Usinagem.
O
raiamento é feito com uma ferramenta parecida com uma navalha, ela é
introduzida no cano ate a extremidade oposta, então a
maquina puxa ela pelo cano ao mesmo tempo em que gira a ferramenta no passo de raia
que será confeccionado; neste processo cada raia é confeccionada por vez, ou
seja, cada ida e volta da navalha faz uma raia, após a raia pronta a maquina
gira o cano para a posição da raia seguinte e assim sucessivamente; este processo
é um pouco demorado e pode ocorrer maior risco de imperfeições, sua vantagem é
ser um pouco mais barato que os demais, pois é simples.
Cada
ferramenta confeccionar o raiamento de 1.500 a 8.000 canos, por usinagem, isto é, mediante
a remoção do material (aço) que ocupava o espaço de cada raia, e cada ferramenta sofre, em média, dez afiações. Todas as armas fabricadas pela Forjas Taurus,
têm seu raiamento confeccionado por esse sistema.
Neste
vídeo é possível ver como o processo é simples este cidadão construiu uma
maquina e fez em casa, no canal dele é possível ver todo processo de construção
da maquina para fazer o raiamento pelo processo de usinagem.
Neste
vídeo é possível observar o processo industrial de confecção de raiamento por usinagem.
Link do ponto exato do vídeo que exemplifica o processo aqui
Brochamento
por bilha
Este
processo é parecido com a usinagem porem a ferramenta usada é a bilha que
seria algo como um pequeno cilindro “sextavado” onde o sextavado são as raias,
esta ferramenta é fixa, não gira, e é tracionada, as partes salientes da broca
(o “sextavado”) vão formar as raias, e o material que ocupava o espaço é
deslocado para o lado (encruamento), formando os cheios. A ferramenta passada
pelo cano fica fixa, não gira, enquanto a maquina gira o cano no sentido do
passo de raia a ser confeccionado.
Não
há neste processo retirada de material, as ferramentas (bilha) usadas para produzir as raias não sofrem afiação, pois uma
vez que apresentam desgaste, são inutilizadas e substituídas por novas. Com
cada bilha
é possível a confecção de até 8 mil canos; este processo garante melhor precisão
pois todas as raias são feitas de uma só vez e uniformemente, é usado para fazer
canos de armas de competição que exigem precisão por exemplo, é um processo
pouco mais rápido que o por usinagem.
As
raias feitas por este processo não tem cantos tão vivos quanto os feitos por
usinagem, por este motivo sofrem menos desgaste o que garante mais durabilidade
do cano, as armas da Amadeo Rossi eram fabricadas por este processo.
Este
vídeo exemplifica tal processo.
Link do ponto exato do vídeo que exemplifica o processoaqui.
Martelamento
a Frio
Este
processo é o mais caro e complexo, pois exige maquinaria especifica e cara;
este processo consiste em introduzir no cano uma ferramenta que é um mandril ou
macho, de formato cônico, cuja superfície externa tem a forma contrária a do
raiamento desejado molde das raias (imagem
espelhada) após isso em uma maquina especifica para tal martelando o cano
em todas as direções 1.100 vezes por minuto, com uma pressão de forjamento de
10t, produzindo uma diminuição do seu diâmetro externo, com o conseqüente
alongamento e impressão interna do raiamento. O avanço e o giro da barra
cilíndrica são realizados pela maquina, resultando um perfil interno (raiamento) de alta precisão dimensional,
polido, livre de arranhões e sem a necessidade de operações posteriores de
acabamento.
A
IMBEL Produz seus canos por este processo desde 1974, a Glock também usa, tal
processo garante uma excelente equilíbrio de durabilidade e precisão.
Neste
vídeo é possível ver como se da tal processo.
Link do ponto exato do vídeo que exemplifica o processoaqui.
Um
exame de Comparação Balística é a identificação
indireta de armas de fogo, feita por intermédio da comparação de projeteis e
estojos-padrão, obtidos de armas, com projeteis e estojos questionados; ate
parece simples, ou seja, visa estabelecer a conexão entre a arma de fogo e o
projétil, entre a arma e o estojo, entre projéteis e entre estojos. O
assunto é bem extenso, pois demanda entender conceitos e porquês que não são simples.
Dada complexabilidade e extensão do assunto, resolvi
dividir em três partes, primeiramente falarei dos projeteis, posteriormente dos
estojos e por fim da comparação balística em si.
Projeteis
A comparação balística compara marcas características
deixadas nos projeteis e estojos pela arma de fogo, estas marcas são únicas são
como a impressão digital da arma, cada uma tem a sua, como são produzidas estas
marcas veremos aqui.
Em um projétil podem ser encontradas marcas deformações
que podem ser de quatro tipos:
1.Normais ou Repetitivas
2.Periódicas
3.Acidentais
4.Propositais
Por hora as deformações que nos interessaram são apenas
as normais e periódicas uma vez que as acidentais e
propositais não tem ligação com a arma de fogo logo não podem ser usadas para
ligar um projétil a uma arma.
As deformações normais
são decorrentes do processo de disparo da arma, são as deformações e marcas que
ocorrem no projétil pelo simples fato de ter passado pelo cano de arma de fogo
forçado pela expansão dos gases.
Como deve ser sabido do leitor os canos de arma de
fogo de alma raiada possuem em seu interior ranhuras helicoidais que imprime no
projétil um movimento giratório que o estabiliza durante o vôo permitindo
melhor trajetória e alcance.
As armas podem ter raias a direita dextrogiro e a esquerda sinestrogiro,
também pode ter uma quantidade de raias par ou impar; mas como a raia
deixa marca no projétil? Simples o projétil é maior que o tamanho do cano da
arma, ou seja, o projétil é ligeiramente maior que o calibre real.
Dentro do cano da arma temos os fundos que são as raias e os cheios na figura a baixo fica mais fácil de
entender.
Logicamente para que o raiamento, surta algum efeito
sobre o projétil o mesmo deve ter o diâmetro dos fundos,
desta forma ao passar justo pelo cano da arma o projétil se engraza as
raias que obriga ele a acompanhar a hélice do raiamento adquirindo rotação necessária
a sua estabilização.
Cada calibre necessita de uma profundidade das raias
diferente bem como passo de raia que
é quantas voltas o raiamento da em uma polegada, imagine um projétil com tanta
energia que a profundidade da raia seja insuficiente e ele passe direto pelo
cano sem girar, por isso tais medidas são definidas pela engenharia levando em
conta o peso do projétil, sua energia e calibre, tendo como objetivo um equilíbrio
perfeito entre alcance e precisão.
Portanto um dos primeiros critérios para se realizar
uma microcomparaçao balística é a adequabilidade, pois
comparar dois projeteis eles tem que ser no mínimo do mesmo calibre e tem que
apresentarmarcas de raiamento compatível ou
seja mesmo numero de raias e sentido de giro.
O que torna os canos fabricados em uma mesma fabrica
diferentes entre si é o desgaste que a arma sofre com o uso e o processo de fabricação
bem como desgaste da ferramenta que cava as raias no cano, dentre os processos
de fabricação os mais comuns são usinagem, brochamento por bilha e martelamento
a frio, oportunamente falarei sobre estes processos de fabricação de cano.
As deformações periódicas
são características de revolveres, mas podem ser encontradas em
outras armas que apresentam algum tipo de defeito no cano ou câmara que quando
o projétil passa adquire as características do defeito como, por exemplo, um
amassado na boca do cano.
Com estas explicações encerro a parte sobre projeteis, posteriormente falarei sobre os estojos, se surgir alguma duvida, curiosidade ou questionamento o canal de comentários esta aberto, espero que esta pequena postagem tenha ajudado.
domingo, 17 de julho de 2016
naugurando este blog nada mais logico e justo que a primeira postagem, esclarecesse o que vem a ser a Balística, então vamos lá:
Balística é a disciplina que estuda o movimento dos projeteis dentro e fora das armas de fogo, o efeito causados por seu impacto bem como os fenômenos do tiro.
Entenda-se por tiro os fenômenos ocorridos dentro da arma de fogo a partir do momento em que se aciona o gatilho ate o momento em que o projetil sai do cano, envolvendo o mecanismo de disparo da arma bem como os componentes químicos da munição e os efeitos dos gases provenientes da queima da pólvora.
A balística se divide em três setores de estudo que são:
Balística Interna Estuda as armas de fogo seus mecanismos, a munição e os fenômenos que ocorrem na arma do momento em que se aperta o gatilho ao momento em que o projetil sai pela boca do cano.
Balística Externa Estuda o voo dos projeteis desde que sai da boca do cano ate o momento em que termina seu trajeto.
Balística Terminal Estuda o resultado do impacto dos projeteis.
A balística interna e externa esta ligada tanto a estudos de física quanto de química, já a balística terminal alem de estar ligada a física esta diretamente ligada a medicina legal que é de onde se originou a balística.
Quando a balística é empregada em situaçoes onde existe ou pode existir, uma relação com infrações penais ela é chamada de Balística Forense, e passa a ser uma disciplina da criminalística; a balística forense usa os conhecimentos da balística para identificar através de exames a autoria da infração penal.
Como vocês já devem ter percebido, a balística é uma disciplina muito abrangente o que a torna complexa, abordarei neste blog um pouquinho de cada coisa, dentro do possivel, assim esclarecendo alguns pontos e trazendo curiosidades sobre o tema.